Sunday, March 18, 2007

Malabarismo financeiro

Investir direito exige colocar na balança as taxas pagas ao banco e o retorno que ele promete. Evite aqueles que cobram caro demais

Você sabia que o seu investimento pode estar deixando seu bolso mais vazio a cada ano? Pois é. É praxe cobrar do investidor taxas de administração, de corretagem (para aportes em ações ou títulos públicos) e de desempenho (um prêmio ao gestor quando o rendimento supera uma meta). A questão é que algumas instituições cobram mais do que outras. Existem investimentos que estão rendendo menos do que a caderneta de poupança, que tem a vantagem de ser líquida (por não cobrar Imposto de Renda nem taxa de administração) e devolver a CPMF para novos aportes.
O que dificulta a sua análise é que as taxas variam muito em cada instituição e de acordo com o tipo do produto. Segundo Willian Eid Jr., professor da Fundação Getulio Vargas de São Paulo (FGV-SP), consultor e autor do livro Como Fazer Investimentos (Publifolha) , em uma aplicação muito cara o rendimento líquido pode ser reduzido a apenas 2% ao ano. "Uma rentabilidade de 11% cai para 8,5% se o banco cobrar taxa de administração de 3%", explica Willian. O consultor Luiz Roberto Latini, sócio da G-5 Solutions, de São Paulo, também tem na ponta do lápis a conta do que o investidor pode estar deixando de ganhar. Nos fundos de renda fixa, as taxas oscilam, em sua maior parte, entre 0% e 5%, conforme o volume e o tempo de investimento. "Se o ganho for de 10% ao ano e a taxa 3%, 30% da rentabilidade vai para a instituição gestora", diz o especialista.

Foi pensando no tamanho da mordida da prestação de serviços que o administrador de empresas Carlos Tadeu Pedreira, de 56 anos, dono de uma franquia de academia de ginástica de São Paulo, tomou a decisão de mudar de corretora em 2003. Na época, o clube de investimento do qual participava tinha um custo de 2 800 reais por ano -- 5% sobre o patrimônio de todo o clube. Hoje em uma nova corretora, a Gradual, Carlos Tadeu viu a taxa cair para 2% e o custo anual para 1 200 reais.

Procurados pela VOCÊ S/A, os bancos HSBC, ABN Amro Real, Unibanco, Santander Banespa e as corretoras Socopa, Coinvalores e Link evitaram comentar sobre as taxas cobradas e alegaram férias dos seus principais executivos. Já a Associação Nacional dos Bancos de Investimentos (Anbid) justifica que por se tratar de uma associação não pode discutir os preços praticados por bancos e corretoras. Entretanto, a instituição reconhece que existem taxas muito altas e alega que alguns bancos já estão reduzindo suas cobranças. A Anbid, cansada de ser pressionada, prepara uma lista com todas as taxas para divulgar ao mercado ainda neste primeiro trimestre.

Evite Armadilhas
Existem muitos investimentos, como CDB, fundos de renda fixa, DI, fundos de ações, clubes de investimentos, Tesouro Direto, imóveis. Para chegar ao produto certo, você precisa avaliar muito mais do queo histórico de rentabilidade. "A taxação elevada prejudica o investimento no longo prazo e deve ser levada em conta", afirma o administrador independente de investimentos Fábio Colombo, de São Paulo. Para Willian Eid Jr., da FGV-SP, o investidor deve ser ativo. "Em uma mesma instituição existem famílias de produtos com taxas diferentes", diz Fábio Colombo. "Hoje em dia os bancos não têm tanta rigidez e é possível conseguir boas taxas se você as demandar", orienta Luiz Latini, da G-5 Solutions.

Da próxima vez que tiver de optar por um investimento, questione e tente diminuir as taxas. Quando o assunto é o mercado de capitais, lembre-se de que ele é um só para os grandes e para os pequenos investidores. Normalmente, as corretoras cobram taxas menores que os bancos, principalmente se você vai operar por homebroker. Para investir no Tesouro Direto melhor mesmo são os bancos públicos, que são agentes do governo e praticam corretagens menores. Grandes bancos privados cobram taxas para aplicação no Tesouro Direto de oito a 16 vezes maior que os públicos. "Os bancos não têm interesse porque o investidor pode comprar esses produtos diretamente do governo", diz o consultor Fábio Colombo.

Fuja do Mico
Veja o que fazer para não perder dinheiro com o seu investimento:

1 - Procure taxas menores - Só tem um jeito de fazer isso: pesquisando bancos e corretoras

2 - Vá além do lucro - Quando escolher um banco, não fique preso à rentabilidade. Questione todas as taxas cobradas

3 - Nem tudo é igual - Numa mesma instituição pode haver famílias de produtos com taxas diferentes. Informe-se sobre elas

Kathia Natalie
http://vocesa. abril.com. br/edicoes/ 0104/aberto/ dinheiro/ mt_210241. shtml

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