Thursday, July 12, 2007
The Economist Screensaver
The Economist Screensaver is a treasure trove of fascinating data on 66 of the world's major economies. Drawing on the 2007 edition of the bestselling “Pocket World in Figures”, it presents facts and figures on population, demographics, the economy, society, health and education around the world. The screensaver also features a ticker displaying the headlines of new articles published on Economist.com, as well as some of the witty one-liners used in The Economist 's renowned advertising campaigns. Notes on the data and definitions used in the screensaver are here.
Globe
The screensaver displays a globe that begins rotating on start up. After one minute of inactivity, the globe will stop rotating and data for a randomly selected country will be displayed. After a further 20 seconds of inactivity, the globe will resume rotating. After five minutes Economist advertising slogans will begin to appear.
Countries can be selected manually by clicking on them (data is available only for those countries which appear highlighted in red). To rotate the globe manually, click on the arrows either side of it. Click on the magnifying glass icon below the globe to turn the zoom function on and off.
Clocks
Four clocks at the top of the screen display the time locally, in New York (EST), London (GMT) and Hong Kong.
Article headlines
New articles published on Economist.com are highlighted in the display panel at the bottom of the screen. Click on a title to view the full article.
http://www.economist.com/screensaver/download.cfm
Tuesday, July 10, 2007
Estratigrafia do Conhecimento
QUANDO SE TEM DOUTORADO
O dissacarídeo de fórmula C12H22O11, obtido através da fervura e da evaporação de H2O do líquido resultante da prensagem do caule da gramínea Saccharus officinarum, (Linneu, 1758) isento de qualquer outro tipo de processamento suplementar que elimine suas impurezas, quando apresentado sob a forma geométrica de sólidos de reduzidas dimensões e arestas retilíneas, configurando pirâmides truncadas de base oblonga e pequena altura, uma vez submetido a um toque no órgão do paladar de quem se disponha a um teste organoléptico, impressiona favoravelmente as papilas gustativas, sugerindo impressão sensorial equivalente à provocada pelo mesmo dissacarídeo em estado bruto, que ocorre no líquido nutritivo da alta viscosidade, produzindo nos órgãos especiais existentes na Apis mellifera.(Linneu, 1758). No entanto, é possível comprovar experimentalmente que esse dissacarídeo, no estado físico-químico descrito e apresentado sob aquela forma geométrica, apresenta considerável resistência a modificar apreciavelmente suas dimensões quando submetido a tensões mecânicas de compressão ao longo do seu eixo em conseqüência da pequena capacidade de deformação que lhe é peculiar.
QUANDO SE TEM MESTRADO
A sacarose extraída da cana-de-açúcar, que ainda não tenha passado pelo processo de purificação e refino, apresentando- se sob a forma de pequenos sólidos tronco-piramidais de base retangular, impressiona agradavelmente o paladar, lembrando a sensação provocada pela mesma sacarose produzida pelas abelhas em
um peculiar líquido espesso e nutritivo. Entretanto , não altera suas dimensões lineares ou suas proporções quando submetida a uma tensão axial em conseqüência da aplicação de compressões equivalentes e opostas.
QUANDO SE TEM GRADUAÇÃO
O açúcar, quando ainda não submetido à refinação e, apresentando- se em blocos sólidos de pequenas dimensões e forma tronco-piramidal, tem sabor deleitável da secreção alimentar das abelhas; todavia não muda suas proporções quando sujeito à compressão.
QUANDO SE TEM ENSINO MÉDIO.
Açúcar não refinado, sob a forma de pequenos blocos, tem o sabor agradável do mel, porém não muda de forma quando pressionado.
QUANDO SE TEM ENSINO FUNDAMENTAL
Açúcar mascavo em tijolinhos tem o sabor adocicado, mas não é macio ou flexível.
QUANDO NÃO SE TEM ESTUDO
Rapadura é doce, mas não é mole, não!
Sunday, June 24, 2007
Riscos ocultos
Danilo Fariello, Valor Online, 22/06/2007
Aswath Damodaran é daquelas personalidades que, quando falam, ninguém ousa ignorar. Um dos gurus do mercado financeiro mundial, o indiano professor da Stern School of Business e aplicador do mercado brasileiro diz que, no mundo todo, muitos novos investidores das bolsas não têm a noção correta do risco que correm. "Novos pequenos investidores do mercado estão procurando dinheiro fácil", diz ele, para quem só se aprende exatamente o que é risco depois de uma experiência ruim.
Em entrevista ao Valor por telefone, de Nova York, o guru faz um alerta aos acionistas brasileiros: as ações aqui subiram muito pela conjuntura internacional, o que não significa melhorias na gestão das empresas, principalmente em questões ligadas à governança corporativa.
Autor de best-sellers como "Mitos de Investimentos" , Damodaran vem ao Brasil na próxima semana ministrar a palestra "O valor do controle das empresas" a investidores institucionais clientes da Brascan Corretora , no Rio. Para ele, este momento de alta é ideal para que os investidores pressionem os controladores por evoluções na gestão das empresas. A seguir, os principais trechos da entrevista.
Valor: Há uma evolução positiva na governança das empresas brasileiras nos últimos tempos?
Aswath Damodaram: Sim, mas as diferentes classes de ações (ON e PN) sempre me incomodaram muito no Brasil e continuam a existir. Com as ações PN, a empresa quer meu dinheiro, mas não quer ouvir minha voz. Mas as coisas têm mudado. As empresas já perdem acionistas de longo prazo por não mostrar como administram a companhia e os acionistas pagam menos por empresas que não conhecem. Isso aconteceu primeiro no Brasil e deve se expandir pela América Latina. Há avanços, mas não o suficiente. Muitas empresas maiores e antigas no mercado ainda têm duas classes de ações.
Valor: O senhor acha que as ações preferenciais estão se aproximando do seu fim?
Damodaran: É cedo para dizer isso. Ainda há muitas empresas e famílias controladoras que evitam mudar. É uma longa e dura briga. Investidores no Brasil têm de brigar por seus direitos. Levantar e dizer: não posso votar, portanto não vou pagar tanto pelas ações. Não se pode esperar o governo para defendê-los ou ocorrerão fatos como o da Arcelor . Há um ditado antigo democrático que diz que o povo tem o governo que merece. Isso vale também em termos de governança. Acionistas têm os administradores que merecem.
Valor: Essa preocupação existe neste momento de euforia?
Damodaran: Isso torna essas mudanças mais difíceis, porque todo olham para as ações disparando e não pensam em exigir mais direitos. Mas eu acho que são duas questões separadas. A alta das ações brasileiras recente se deve à liquidez mundial e à melhora de percepção do pais. E isso não tem nada a ver com melhora na qualidade de gestão das empresas. Não se deve confundir boa sorte com bom investimento, diz um ditado. Por que os administradores têm de levar o crédito por fatores (macroeconômicos) que não controlam? Este é o momento correto para pressionar controladores a tomar decisões corretas para melhorar a governança.
Valor: Muitos investidores brasileiros começam a descobrir o mercado de ações.
Damodaran: Acho isso positivo, porque todos pensam mais na economia. Isso significa que mesmo indivíduos de renda menor acompanham o mercado. É saudável para a economia todos terem investimentos de risco. Porém, mais pessoas estão expostas a esses riscos.
Valor: Esses novos investidores sabem que as empresas podem não estar tão bem quanto suas ações?
Damodaran: Hoje, muitos novos pequenos investidores estão procurando dinheiro fácil. É um triste fato, mas o único modo de aprender sobre investimentos é tendo algumas experiências ruins. Assim como no Brasil, na China e na Índia há muitos novos investidores na bolsa, freqüentemente com um senso errôneo de que conseguirão 20% de retorno em pouco tempo sem risco. Meu conselho a esses investidores é: você tem de conhecer a empresa e a gestão, pois não há meios fáceis de fazer dinheiro. Pelo contrário, há muitos caminhos difíceis para fazer dinheiro e é preciso perder para aprender.
Valor: O senhor acredita que muitos entram no mercado sem saber de fato do que se trata?
Damodaran: Sim e, como disse, isso não ocorre atualmente apenas no Brasil ou em países emergentes. Mesmo nos Estados Unidos, muitas pessoas entram no mercado de ações sem conhecê-lo. Depois que perdem dinheiro, normalmente reclamam que o governo não os protegeu da queda. Mas, se querem a alta, devem estar preparados para os momentos de baixa.
Valor: Como o senhor vê as novas ofertas públicas iniciais no Brasil?
Damodaran: É positivo e isso tem a ver com a boa capacidade dos empresários brasileiros. Uma economia é mais saudável quando as companhias já estabelecidas no mercado são constantemente desafiadas por novas empresas, novos investidores e novas idéias. Fico feliz em saber que o Brasil finalmente abraçou essa tradição.
Valor: Recentemente, nossos fundos passaram a poder investir no exterior, como o senhor avalia isso?
Damodaran: É um sinal de maturidade, porque você aceitará competição e poderá vencer. Na Índia, por exemplo, ainda estamos bastante restritos nesse sentido. É bom quando investidores brasileiros olham para o exterior e ainda decidem investir na Embraer , por exemplo. Isso me diz que eles ainda acham que essas companhias são boas. Se tem mercado aberto e as pessoas ainda investem aqui, isso será uma prova de confiança.
Valor: Em quais setores da bolsa brasileira o senhor vê maior potencial de valorização?
Damodaran: O setor de manufatura tem grande potencial, como a Embraer e as siderúrgicas. Podem ter problemas as empresas que produzem produtos de baixo custo, pela competição chinesa, e empresas de informática, pela Índia. As commodities são um jogo perigoso, porque subiram demais.
Aswath Damodaran é daquelas personalidades que, quando falam, ninguém ousa ignorar. Um dos gurus do mercado financeiro mundial, o indiano professor da Stern School of Business e aplicador do mercado brasileiro diz que, no mundo todo, muitos novos investidores das bolsas não têm a noção correta do risco que correm. "Novos pequenos investidores do mercado estão procurando dinheiro fácil", diz ele, para quem só se aprende exatamente o que é risco depois de uma experiência ruim.
Em entrevista ao Valor por telefone, de Nova York, o guru faz um alerta aos acionistas brasileiros: as ações aqui subiram muito pela conjuntura internacional, o que não significa melhorias na gestão das empresas, principalmente em questões ligadas à governança corporativa.
Autor de best-sellers como "Mitos de Investimentos" , Damodaran vem ao Brasil na próxima semana ministrar a palestra "O valor do controle das empresas" a investidores institucionais clientes da Brascan Corretora , no Rio. Para ele, este momento de alta é ideal para que os investidores pressionem os controladores por evoluções na gestão das empresas. A seguir, os principais trechos da entrevista.
Valor: Há uma evolução positiva na governança das empresas brasileiras nos últimos tempos?
Aswath Damodaram: Sim, mas as diferentes classes de ações (ON e PN) sempre me incomodaram muito no Brasil e continuam a existir. Com as ações PN, a empresa quer meu dinheiro, mas não quer ouvir minha voz. Mas as coisas têm mudado. As empresas já perdem acionistas de longo prazo por não mostrar como administram a companhia e os acionistas pagam menos por empresas que não conhecem. Isso aconteceu primeiro no Brasil e deve se expandir pela América Latina. Há avanços, mas não o suficiente. Muitas empresas maiores e antigas no mercado ainda têm duas classes de ações.
Valor: O senhor acha que as ações preferenciais estão se aproximando do seu fim?
Damodaran: É cedo para dizer isso. Ainda há muitas empresas e famílias controladoras que evitam mudar. É uma longa e dura briga. Investidores no Brasil têm de brigar por seus direitos. Levantar e dizer: não posso votar, portanto não vou pagar tanto pelas ações. Não se pode esperar o governo para defendê-los ou ocorrerão fatos como o da Arcelor . Há um ditado antigo democrático que diz que o povo tem o governo que merece. Isso vale também em termos de governança. Acionistas têm os administradores que merecem.
Valor: Essa preocupação existe neste momento de euforia?
Damodaran: Isso torna essas mudanças mais difíceis, porque todo olham para as ações disparando e não pensam em exigir mais direitos. Mas eu acho que são duas questões separadas. A alta das ações brasileiras recente se deve à liquidez mundial e à melhora de percepção do pais. E isso não tem nada a ver com melhora na qualidade de gestão das empresas. Não se deve confundir boa sorte com bom investimento, diz um ditado. Por que os administradores têm de levar o crédito por fatores (macroeconômicos) que não controlam? Este é o momento correto para pressionar controladores a tomar decisões corretas para melhorar a governança.
Valor: Muitos investidores brasileiros começam a descobrir o mercado de ações.
Damodaran: Acho isso positivo, porque todos pensam mais na economia. Isso significa que mesmo indivíduos de renda menor acompanham o mercado. É saudável para a economia todos terem investimentos de risco. Porém, mais pessoas estão expostas a esses riscos.
Valor: Esses novos investidores sabem que as empresas podem não estar tão bem quanto suas ações?
Damodaran: Hoje, muitos novos pequenos investidores estão procurando dinheiro fácil. É um triste fato, mas o único modo de aprender sobre investimentos é tendo algumas experiências ruins. Assim como no Brasil, na China e na Índia há muitos novos investidores na bolsa, freqüentemente com um senso errôneo de que conseguirão 20% de retorno em pouco tempo sem risco. Meu conselho a esses investidores é: você tem de conhecer a empresa e a gestão, pois não há meios fáceis de fazer dinheiro. Pelo contrário, há muitos caminhos difíceis para fazer dinheiro e é preciso perder para aprender.
Valor: O senhor acredita que muitos entram no mercado sem saber de fato do que se trata?
Damodaran: Sim e, como disse, isso não ocorre atualmente apenas no Brasil ou em países emergentes. Mesmo nos Estados Unidos, muitas pessoas entram no mercado de ações sem conhecê-lo. Depois que perdem dinheiro, normalmente reclamam que o governo não os protegeu da queda. Mas, se querem a alta, devem estar preparados para os momentos de baixa.
Valor: Como o senhor vê as novas ofertas públicas iniciais no Brasil?
Damodaran: É positivo e isso tem a ver com a boa capacidade dos empresários brasileiros. Uma economia é mais saudável quando as companhias já estabelecidas no mercado são constantemente desafiadas por novas empresas, novos investidores e novas idéias. Fico feliz em saber que o Brasil finalmente abraçou essa tradição.
Valor: Recentemente, nossos fundos passaram a poder investir no exterior, como o senhor avalia isso?
Damodaran: É um sinal de maturidade, porque você aceitará competição e poderá vencer. Na Índia, por exemplo, ainda estamos bastante restritos nesse sentido. É bom quando investidores brasileiros olham para o exterior e ainda decidem investir na Embraer , por exemplo. Isso me diz que eles ainda acham que essas companhias são boas. Se tem mercado aberto e as pessoas ainda investem aqui, isso será uma prova de confiança.
Valor: Em quais setores da bolsa brasileira o senhor vê maior potencial de valorização?
Damodaran: O setor de manufatura tem grande potencial, como a Embraer e as siderúrgicas. Podem ter problemas as empresas que produzem produtos de baixo custo, pela competição chinesa, e empresas de informática, pela Índia. As commodities são um jogo perigoso, porque subiram demais.
Friday, June 15, 2007
CEFET-MG e NPC promovem Mostra de Vídeos Populares de 13 a 16 de junho
Mostra visa divulgar trabalhos que não têm espaço na grande mídia
O CEFET-MG, por meio da Seção de Atividades Culturais (SAC) e da Coordenação de Estudos Sociais, em parceria com o Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), organização não governamental voltada para a difusão e pesquisa em comunicação popular, realiza, de 13 a 16 de junho, no auditório do Campus I, a Mostra de Vídeos Populares.
O evento cinematrográfico é destinado a toda a comunidade cefetiana (professores, alunos e funcionários) e tem por objetivo estimular o uso de vídeos como ferramenta pedagógica, despertando o interesse dos jovens para questões sociais, história e cultura brasileiras.
Temas como racismo, luta pela terra, trabalho escravo, meio ambiente, história, política, conjuntura nacional e realidade brasileira serão debatidos tendo como ponto de partida a exibição de vídeos produzidos por diferentes entidades do movimento social.
Embora resultem do esforço de entidades do próprio movimento popular ou de instituições muito próximas dele, muitos vídeos constantes da Mostra são desconhecidos de movimentos sociais. Com raras exceções, esses documentários nunca foram exibidos em circuito comercial. Por essa razão, o NPC vem se empenhando em difundi-los, já que o conteúdo oferece uma grande contribuição para a construção de cidadãos críticos.
Além da Mostra, o NPC está preparando a publicação de um catálogo com cerca de 300 títulos de vídeos populares. É intenção da entidade estimular, também, a criação de videotecas a partir de núcleos formados com a participação de sindicatos, associações comunitárias e outras instituições.
As sessões serão comentadas pelos professores da Coordenação de Estudos Sociais do CEFET-MG, e o filme "Entre Muros e Favelas" será comentado por Vito Giannotti do NPC.
Programação
Auditório – Campus I
Dia 13 de Junho - Quarta-feira
9h - O Projeto Mostra de Vídeos Populares
Vito Giannotti – ex-metalúrgico e escritor. Fundador do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC). Tem cerca de 30 livros editados sobre sindicalismo e comunicação alternativa.
Ligia Elias Coelho – Jornalista e graduada em produção cultural pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Atuou em diversos órgãos da imprensa do Rio de Janeiro e também como assessora de imprensa em sindicatos e empresas.
Representante da Eletrobrás
* Lançamento do livro: História das Lutas dos Trabalhadores no Brasil, de Vito Giannotti (Editora Mauad)
10h - Filme: Entre Muros e Favelas
Direção: Suzanne Dzeik, Kirstem Wagenschein e Márcio Jerônimo (2005).
A vida nos morros e comunidades pobres do Rio de Janeiro.
16h - Filme: Profissão Doméstica
Direção: Sérgio Goldenberg (1993).
Produção: Cecip - Centro de Criação de Imagem Popular
O universo das trabalhadoras domésticas – suas dores, frustrações, humilhações, temores e esperanças.
19h - Filme: Terceirização: a escravidão em Versão Neoliberal
Realização: Sindieletro-MG (2005).
O crescimento da precarização do trabalho nos últimos anos.
19h30 - Filme: 13 de maio
Direção: Cícero Silva (2005).
O problema e a luta contra o trabalho escravo no Maranhão e no Brasil.
Dia 14 de Junho - Quinta-feira
10h - Filme: Alguém falou em racismo?
Produção: Cecip – Centro de Criação de Imagem Popular
Aborda a origem e as diferentes formas de racismo e propõe ações para superá-las.
19h30 - Filme: Alguém falou em racismo?
Produção: Cecip – Centro de Criação de Imagem Popular
Aborda a origem e as diferentes formas de racismo e propõe ações para superá-las.
15 de Junho - Sexta-feira
10h - Filme: Nem com uma Flor
Direção: Sérgio Goldenberg (1999).
Produção: Cecip - Centro de Criação de Imagem Popular
O documentário traz depoimentos de mulheres vítimas de violência, de adolescentes, de delegadas, advogadas, feministas e estudiosas do tema.
11h - Filme: Boca de Lixo
Direção: Eduardo Coutinho (1992).
Produção: Cecip - Centro de Criação de Imagem Popular
Documentário sobre o cotidiano dos catadores de lixo do vazadouro de Itaóca, em São Gonçalo(RJ). Revela uma das faces mais cruéis da desigualdade econômica no Brasil.
16h30 - Filme: Rompendo o Silêncio
Produção: MST, FAZ´-ES e Rede Aberta contra o Deserto Verde (2006).
O vídeo explica as razões que levaram as mulheres sem-terra a decidir pela ocupação e pela destruição das plantações e do laboratório da Aracruz Celulose no Rio Grande do Sul.
19h - Filme: Tempo de Resistência
Direção: André Ristum e Leopoldo Paulino (2004).
A partir do depoimento de mais de 30 pessoas envolvidas na resistência à ditadura militar no Brasil, o filme aborda todo o processo, desde o golpe até a anistia.
16 de Junho - Sábado
9h - Filme: Tempo de Resistência
Direção: André Ristum e Leopoldo Paulino (2004).
A partir do depoimento de mais de 30 pessoas envolvidas na resistência à ditadura militar no Brasil, o filme aborda todo o processo, desde o golpe até a anistia.
13h e 15h - Filme: Paixão e Guerra no Sertão de Canudos
Direção: Antônio Olavo (1993).
Com depoimentos de pesquisadores e, sobretudo, dos parentes dos combatentes de Canudos, o filme oferece uma aula sobre a luta pela terra e pela liberdade.
Assessoria de Comunicação Social/CEFET-MG
Sunday, June 10, 2007
Aviso aos quarentões
Ponto de vista: Stephen Kanitz
"Para aqueles que estão chegando aos 40 anos, eu tenho duas notícias: uma boa e uma péssima. A boa é que você provavelmente viverá até os 80. Sua expectativa de vida ao nascer era de 67 anos, mas, como você conseguiu chegar vivo aos 40, sua média de vida aumentou para 74 anos. Aqueles que estavam reduzindo sua média inicial morreram. Daqui a dez anos, muitas das doenças incuráveis de hoje terão solução, aumentando ainda mais sua expectativa de vida, talvez até os 80. Sua mulher, que já tinha expectativa de vida ao nascer de 75 anos, aos 40 terá uma expectativa de 79, daqui a dez anos irá para 85, 90 anos.
A má notícia é que provavelmente você não pensou nisso, não se preocupou em fazer um pé-de-meia para custear essa longa aposentadoria, a sua e a de sua mulher. Nem percebeu que os vinte anos que você contribuiu para a Previdência não foram depositados num fundo previdenciário público, preservando o equilíbrio atuarial, como reza o artigo 201 de nossa Constituição. Também, lamento dizer, ninguém vai empregá-lo até os 70 anos de idade, e será difícil achar um novo emprego depois dos 50. Não conte com essa nova geração para sustentá-lo na velhice. Ela terá problemas suficientes para sobreviver, além de ter também de poupar para a própria velhice.
Aos 40 anos ainda se tem chance de poupar rapidamente os recursos necessários nos próximos dez a quinze anos. Assim sendo, aquela viagem programada para a Disney, nem pensar. Nem aquele Audi A4. O valor exato que você precisará ter poupado para se aposentar aos 65 anos é um cálculo complicadíssimo, depende de sua idade atual, do risco que você quer assumir em suas aplicações financeiras, dos juros médios a partir de 2015, e da taxação futura dos rendimentos de seus investimentos. Mas aqui vão algumas previsões, que infelizmente ninguém divulga, mas que podemos considerar como praticamente certas.
1) Com o investment grade (grau de investimento seguro, segundo as agências internacionais de classificação de risco), os juros reais no Brasil deverão ser como no México, na França e nos Estados Unidos. Algo em torno de 2,5% a 3% ao ano, a partir de 2015. Achar que você poderá investir em títulos públicos e ganhar 6% a 7% ao ano sem risco é uma doce ilusão.
2) O imposto de renda que incide sobre os que poupam, os chamados "endinheirados" , provavelmente aumentará. Hoje é de 20%, mas logo será de 25%, justamente porque o juro caiu, e o governo arrecadará menos.
3) Esse imposto incide sobre o "juro" nominal, e não sobre o juro real, que é o verdadeiro juro. Se o juro real for igual à inflação, o imposto vai para 50%, o dobro dos 25% esperados no futuro. Portanto, calculando-se 50% de imposto sobre 2,5% a 3% de juros, sobrará somente 1,2% a 1,5% ao ano de rendimento. Para cada 1.000 reais de renda mensal de aposentadoria que você desejar receber, precisará acumular no mínimo 1 milhão de reais. Lamento muito, é só fazer as contas.
Uma aposentadoria de 10.000 reais por mês exigirá uma poupança acumulada aos 65 anos em torno de 10 milhões de reais. Dez mil é a aposentadoria típica de um professor titular de filosofia, sociologia, economia de uma universidade pública. Há alguns que ganham até mais.
Se você quiser ganhar o mesmo, terá de acumular 10 milhões, que aplicados a 1,2% ao ano darão 120.000 por ano, ou 10.000 por mês. Mesmo assim, sem direito ao décimo terceiro salário.
É óbvio que nenhum de nós vai conseguir acumular 10 milhões, muito menos se aposentar com 10.000 por mês. Você terá de se contentar em viver com 3.000 ou menos. Provavelmente terá de aplicar seu dinheirinho em investimentos muito mais arriscados do que títulos públicos. Terá de lutar pela redução do imposto de renda que incide sobre juros, pela correção monetária do investimento inicial, ou fazer tudo isso ao mesmo tempo. Uma terceira alternativa é ir literalmente comendo o capital inicial ao longo do tempo. O que é muito assustador para qualquer aposentado – nunca se sabe quando o dinheiro poderá acabar. Pior de tudo, você terá de estabelecer um ano preciso para morrer, tipo 83 anos, e torcer para que não passe disso. Depois desse aniversário, justamente pelos cálculos feitos, você não terá mais dinheiro.
A outra opção é arrumar uma boa aposentadoria do governo, adotar um discurso anti-renda, antijuro, antiacumulação de riqueza, sem se preocupar com o futuro do câmbio, da economia, muito menos com o futuro do Brasil. "
Stephen Kanitz é formado pela Harvard Business School (www.kanitz. com.br)
"Para aqueles que estão chegando aos 40 anos, eu tenho duas notícias: uma boa e uma péssima. A boa é que você provavelmente viverá até os 80. Sua expectativa de vida ao nascer era de 67 anos, mas, como você conseguiu chegar vivo aos 40, sua média de vida aumentou para 74 anos. Aqueles que estavam reduzindo sua média inicial morreram. Daqui a dez anos, muitas das doenças incuráveis de hoje terão solução, aumentando ainda mais sua expectativa de vida, talvez até os 80. Sua mulher, que já tinha expectativa de vida ao nascer de 75 anos, aos 40 terá uma expectativa de 79, daqui a dez anos irá para 85, 90 anos.
A má notícia é que provavelmente você não pensou nisso, não se preocupou em fazer um pé-de-meia para custear essa longa aposentadoria, a sua e a de sua mulher. Nem percebeu que os vinte anos que você contribuiu para a Previdência não foram depositados num fundo previdenciário público, preservando o equilíbrio atuarial, como reza o artigo 201 de nossa Constituição. Também, lamento dizer, ninguém vai empregá-lo até os 70 anos de idade, e será difícil achar um novo emprego depois dos 50. Não conte com essa nova geração para sustentá-lo na velhice. Ela terá problemas suficientes para sobreviver, além de ter também de poupar para a própria velhice.
Aos 40 anos ainda se tem chance de poupar rapidamente os recursos necessários nos próximos dez a quinze anos. Assim sendo, aquela viagem programada para a Disney, nem pensar. Nem aquele Audi A4. O valor exato que você precisará ter poupado para se aposentar aos 65 anos é um cálculo complicadíssimo, depende de sua idade atual, do risco que você quer assumir em suas aplicações financeiras, dos juros médios a partir de 2015, e da taxação futura dos rendimentos de seus investimentos. Mas aqui vão algumas previsões, que infelizmente ninguém divulga, mas que podemos considerar como praticamente certas.
1) Com o investment grade (grau de investimento seguro, segundo as agências internacionais de classificação de risco), os juros reais no Brasil deverão ser como no México, na França e nos Estados Unidos. Algo em torno de 2,5% a 3% ao ano, a partir de 2015. Achar que você poderá investir em títulos públicos e ganhar 6% a 7% ao ano sem risco é uma doce ilusão.
2) O imposto de renda que incide sobre os que poupam, os chamados "endinheirados" , provavelmente aumentará. Hoje é de 20%, mas logo será de 25%, justamente porque o juro caiu, e o governo arrecadará menos.
3) Esse imposto incide sobre o "juro" nominal, e não sobre o juro real, que é o verdadeiro juro. Se o juro real for igual à inflação, o imposto vai para 50%, o dobro dos 25% esperados no futuro. Portanto, calculando-se 50% de imposto sobre 2,5% a 3% de juros, sobrará somente 1,2% a 1,5% ao ano de rendimento. Para cada 1.000 reais de renda mensal de aposentadoria que você desejar receber, precisará acumular no mínimo 1 milhão de reais. Lamento muito, é só fazer as contas.
Uma aposentadoria de 10.000 reais por mês exigirá uma poupança acumulada aos 65 anos em torno de 10 milhões de reais. Dez mil é a aposentadoria típica de um professor titular de filosofia, sociologia, economia de uma universidade pública. Há alguns que ganham até mais.
Se você quiser ganhar o mesmo, terá de acumular 10 milhões, que aplicados a 1,2% ao ano darão 120.000 por ano, ou 10.000 por mês. Mesmo assim, sem direito ao décimo terceiro salário.
É óbvio que nenhum de nós vai conseguir acumular 10 milhões, muito menos se aposentar com 10.000 por mês. Você terá de se contentar em viver com 3.000 ou menos. Provavelmente terá de aplicar seu dinheirinho em investimentos muito mais arriscados do que títulos públicos. Terá de lutar pela redução do imposto de renda que incide sobre juros, pela correção monetária do investimento inicial, ou fazer tudo isso ao mesmo tempo. Uma terceira alternativa é ir literalmente comendo o capital inicial ao longo do tempo. O que é muito assustador para qualquer aposentado – nunca se sabe quando o dinheiro poderá acabar. Pior de tudo, você terá de estabelecer um ano preciso para morrer, tipo 83 anos, e torcer para que não passe disso. Depois desse aniversário, justamente pelos cálculos feitos, você não terá mais dinheiro.
A outra opção é arrumar uma boa aposentadoria do governo, adotar um discurso anti-renda, antijuro, antiacumulação de riqueza, sem se preocupar com o futuro do câmbio, da economia, muito menos com o futuro do Brasil. "
Stephen Kanitz é formado pela Harvard Business School (www.kanitz. com.br)
Saturday, June 09, 2007
MONITORAMENTO DE CONTAS PELO BANCO CENTRAL
De: BovespaBrasil@ yahoogrupos. com.br [mailto:BovespaBras il@yahoogrupos. com.br]
Apelidado de Hal, o cérebro eletrônico mais poderoso de Brasília fiscalizará
as contas bancárias de todos os brasileiros.
Desde a manhã da segunda-feira (07/05), trabalha sem cessar no quinto
subsolo do Banco Central um supercomputador instalado especialmente para
reunir, atualizar e fiscalizar todas as contas bancárias das 182
instituições financeiras instaladas no País.
Seu nome oficial é Cadastro de Clientes do Sistema Financeiro Nacional CCS
na sigla abreviada, já apelidado de HAL.
A primeira carga de informações que o computador recebeu durou quatro dias.
Ao final do processo, ele havia criado nada menos que 150 milhões de
diferentes pastas (uma para cada correntista do País), interligadas por
CPF's e CNPJ's aos nomes dos titulares e de seus procuradores.
A cada dia, Hal acrescentará a seus arquivos cerca de um milhão de novos
registros, em informações providas pelo sistema bancário.
A partir desta semana, quando o sistema se estabilizar, o CCS deverá
responder a cerca de 3 mil consultas diárias.
Toda conta que for aberta, fechada, movimentada ou abandonada, em qualquer
banco do País, estará armazenada ali, com origem, destino e nome do
proprietário.
São três servidores e cinco CPU's de diversas marcas trabalhando
simultaneamente, no que se costuma chamar de cluster.
Este conjunto é o novo coração de um grande sistema de processamento que
ocupa um andar inteiro do edifício-sede do Banco Central.
Seu poderio não vem da capacidade bruta de processamento, mas do software
que o equipa.
Desenvolvida pelo próprio BC, a inteligência artificial do Hal consumiu a
maior parte dos quase R$ 20 milhões destinados ao projeto - gastos
principalmente com a compra de equipamentos e o pagamento da mão-de-obra
especializada.
Só há dois sistemas parecidos no planeta. Um na Alemanha, outro na França.
Mas ambos são inferiores ao brasileiro. No alemão, por exemplo, a
defasagem entre a abertura de uma conta bancária e seu registro no
computador é de dois meses.
Aqui, o prazo é de dois dias. Não por acaso, para chegar perto do Hal, é
preciso passar por três portas blindadas, com código de acesso especial.
Visto em perspectiva, o sistema é o complemento tecnológico do Sistema
Brasileiro de Pagamentos (SBP), que, nos anos de Armínio Fraga à frente do
BC, uniformizou as relações entre os bancos, as pessoas, empresas e o
governo.
Com o Hal, o Banco Central ganha uma ferramenta tecnológica a altura de um
sistema financeiro altamente informatizado e moderno.
Recuperamos o tempo perdido", diz o diretor de Administração do BC, João
Antônio Fleury.
O supercomputador promete, também, ser uma ferramenta decisiva no combate a
fraudes, caixa dois e lavagem de dinheiro no Brasil. ' "Vamos abrir senha
para que os juízes possam acessar diretamente o computador", informa Fleury.
O banco de dados do Hal remete aos movimentos dos últimos cinco anos.
Antes de sua chegada, quando a Justiça solicitava uma quebra de sigilo
bancário, o Banco Central era obrigado a encaminhar ofício a 182 bancos,
solicitando informações sobre um CPF ou CNPJ. Multiplique- se isso por três
mil pedidos diários.
São 546 mil pedidos de informações à espera de meio milhão de respostas.
Em determinados casos, o pedido de quebra de sigilo chegava ao BC com um
mimo: "Cumpra-se em 24 horas, sob pena de prisão".
A partir da estréia do Hall, com um simples clique, COAF, Ministério
Público, Polícia Federal e qualquer juiz têm acesso a todas as contas que um
cidadão ou uma empresa mantêm no Brasil.
R$ 20 milhões foi o orçamento da criação do cadastro de clientes do sistema
financeiro. Sob controle 182 bancos 150 milhões de contas 1 milhão de dados
bancários por dia ...
AGORA, REDUÇÃO DE CARGA TRIBUTÁRIA... NEM SEU TRINETO VERÁ!
Monday, June 04, 2007
O jogo do mico-preto
LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS
Os veteranos do mercado já começam a se perguntar até quando vai durar a festa dos investidores
AS BOLSAS de Valores espalhadas pelo mundo batem sucessivos recordes de alta. Mesmo nos Estados Unidos, o mais importante mercado, os índices já estão acima do recorde atingido em 2000, apesar de a economia passar por um momento de crescimento bastante frágil. Uma das forças por trás do vigor dos índices americanos tem sido uma nova onda de compra de empresas, com o pagamento de grandes prêmios sobre os preços negociados nos mercados de ações. Esse mesmo fenômeno ocorre também nas principais Bolsas européias, como mostra a incrível batalha de bilhões de dólares pelo banco holandês ABN.
Podemos identificar as forças que estão por trás desse boom nos mercados de ações. O primeiro é que vivemos, com exceção dos Estados Unidos, um momento quase mágico nas maiores economias do mundo: crescimento econômico acelerado e inflação sob controle. Em segundo lugar, as empresas têm apresentado resultados operacionais bastante fortes, fazendo com que a relação preço/lucro ainda se mantenha abaixo das médias históricas.
Mas o fator mais importante para esse estado de graça dos mercados tem sido a incrível liquidez que existe hoje no mundo. O dinheiro está queimando nas mãos dos investidores, principalmente os grandes fundos de investimento espalhados pelo mundo. Na maioria dos casos, as transações são pagas em dinheiro, ao contrário da onda dos anos 90, quando eram feitas trocas de ações.
E esse dinheiro tem sido obtido cada vez mais por meio de endividamento. Como exemplo, tenho citado o caso de uma das últimas operações de compra de empresas com um prêmio elevado em relação ao preço de suas ações no mercado. A partir desse fato real, crio uma fantasia para mostrar essa armadilha de liquidez que vivemos hoje.
Há questão de poucos meses, uma empresa americana especializada em compra de empresas -usando dinheiro emprestado- pagou algo como US$ 44 bilhões por uma companhia texana de energia elétrica. Esse preço representou um prêmio de 15% sobre o valor de mercado nos dias que antecederam essa operação. Esse é um fato conhecido por quem acompanha os mercados.
Agora começo minha imagem sobre o que aconteceu com os investidores que venderam suas ações.
A operação certamente foi comemorada com festas e muita alegria pelos vendedores. Mas, com o passar dos dias, esse sentimento de euforia começou a azedar. Com o dinheiro da venda no caixa e aplicado em renda fixa a juros baixos, a sensação do bom negócio foi desaparecendo diante da pergunta que começou a ser feita por todos. O que fazer agora com esse dinheiro todo se o mercado de ações continua a subir?
De repente, o vencedor dessa operação passou a ser claramente o comprador, que, apesar de endividado, recebe os bons resultados econômicos da empresa. E aos vendedores sobrou a conclusão de que a melhor coisa a fazer era voltar ao mercado acionário.
Essa espécie de jogo do mico-preto -agora representado por dinheiro em caixa- é que está dominando a ação dos investidores e criando uma corrida perigosa em busca de ativos reais que rendam mais do que os juros pagos pelos tomadores de dinheiro nos mercados de crédito, inclusive no Brasil. Em parte esse é um movimento lastreado em fundamentos sólidos -a incrível criação de riqueza proporcionada pela incorporação de centenas de milhões de pessoas na força de trabalho mundial-, mas os veteranos do mercado já começam a se perguntar até quando vai durar a festa.
LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS, 64, engenheiro e economista, é economista-chefe da Quest Investimentos. Foi presidente do BNDES e ministro das Comunicações (governo FHC).
lcmb2@terra. com.br
Os veteranos do mercado já começam a se perguntar até quando vai durar a festa dos investidores
AS BOLSAS de Valores espalhadas pelo mundo batem sucessivos recordes de alta. Mesmo nos Estados Unidos, o mais importante mercado, os índices já estão acima do recorde atingido em 2000, apesar de a economia passar por um momento de crescimento bastante frágil. Uma das forças por trás do vigor dos índices americanos tem sido uma nova onda de compra de empresas, com o pagamento de grandes prêmios sobre os preços negociados nos mercados de ações. Esse mesmo fenômeno ocorre também nas principais Bolsas européias, como mostra a incrível batalha de bilhões de dólares pelo banco holandês ABN.
Podemos identificar as forças que estão por trás desse boom nos mercados de ações. O primeiro é que vivemos, com exceção dos Estados Unidos, um momento quase mágico nas maiores economias do mundo: crescimento econômico acelerado e inflação sob controle. Em segundo lugar, as empresas têm apresentado resultados operacionais bastante fortes, fazendo com que a relação preço/lucro ainda se mantenha abaixo das médias históricas.
Mas o fator mais importante para esse estado de graça dos mercados tem sido a incrível liquidez que existe hoje no mundo. O dinheiro está queimando nas mãos dos investidores, principalmente os grandes fundos de investimento espalhados pelo mundo. Na maioria dos casos, as transações são pagas em dinheiro, ao contrário da onda dos anos 90, quando eram feitas trocas de ações.
E esse dinheiro tem sido obtido cada vez mais por meio de endividamento. Como exemplo, tenho citado o caso de uma das últimas operações de compra de empresas com um prêmio elevado em relação ao preço de suas ações no mercado. A partir desse fato real, crio uma fantasia para mostrar essa armadilha de liquidez que vivemos hoje.
Há questão de poucos meses, uma empresa americana especializada em compra de empresas -usando dinheiro emprestado- pagou algo como US$ 44 bilhões por uma companhia texana de energia elétrica. Esse preço representou um prêmio de 15% sobre o valor de mercado nos dias que antecederam essa operação. Esse é um fato conhecido por quem acompanha os mercados.
Agora começo minha imagem sobre o que aconteceu com os investidores que venderam suas ações.
A operação certamente foi comemorada com festas e muita alegria pelos vendedores. Mas, com o passar dos dias, esse sentimento de euforia começou a azedar. Com o dinheiro da venda no caixa e aplicado em renda fixa a juros baixos, a sensação do bom negócio foi desaparecendo diante da pergunta que começou a ser feita por todos. O que fazer agora com esse dinheiro todo se o mercado de ações continua a subir?
De repente, o vencedor dessa operação passou a ser claramente o comprador, que, apesar de endividado, recebe os bons resultados econômicos da empresa. E aos vendedores sobrou a conclusão de que a melhor coisa a fazer era voltar ao mercado acionário.
Essa espécie de jogo do mico-preto -agora representado por dinheiro em caixa- é que está dominando a ação dos investidores e criando uma corrida perigosa em busca de ativos reais que rendam mais do que os juros pagos pelos tomadores de dinheiro nos mercados de crédito, inclusive no Brasil. Em parte esse é um movimento lastreado em fundamentos sólidos -a incrível criação de riqueza proporcionada pela incorporação de centenas de milhões de pessoas na força de trabalho mundial-, mas os veteranos do mercado já começam a se perguntar até quando vai durar a festa.
LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS, 64, engenheiro e economista, é economista-chefe da Quest Investimentos. Foi presidente do BNDES e ministro das Comunicações (governo FHC).
lcmb2@terra. com.br
Tuesday, May 22, 2007
Para quem teve uma Valentina, ou experimentou "as outras", aí vai uma homenagem!!!
Adeus, Valentina!
Antônio Barreto
Quando conheci Valentina ainda era tempo de gabirobas, tanajuras, figurinhas e seriado de Roy Rogers na tela do Cine Roxy, na “ardeia”. Eu já gostava de escrever poemas em papel de embrulhar pão, para os amigos apaixonados conquistarem mais depressinha suas inefáveis namoradas. Tudo no presente do indicativo. Assim, compartilhávamos do mesmo amor platônico, aquele que sentíamos, quase sempre, pelas mesmas meninas. Era um artifício: sem que ninguém soubesse, me declarava a elas pegando carona no meu próprio poema, que era, na verdade, “para o meu amigo”. E aquelas viagens de febre e insônia, nos tapetes voadores da paixão, assolavam nossa infância. Queimávamos por dentro o esplendor da relva que William Wordsworth, mais tarde, iria colocar nas cabeceiras de nossas camas. E se, na rua, a bola de meia sujava nossos dias com o suor das heróicas batalhas, em casa passávamos o amor a limpo. Sempre: um coração flechado no canto direito da página. E as trêmulas letras do cabeçalho: EU TE AMO.
Então, conheci Valentina, que chegou camuflada numa dessas tardes de primavera. Nesse tempo, eu já não sabia mais onde guardar a memória das coisas. Meu pai também fazia acrósticos, decorava dicionários, enquanto minha mãe cantava. Mas foi Valentina quem me ensinou, de repente, a respirar de um modo comprido. Na terra a gente pisa, mas é no ar que nos preparamos para as longas viagens. Devagar, ela me fez ver que o coração funciona melhor quando as mãos, os dedos, o cérebro e o pensamento pipocam de um jeito mais compassado, sem ânsias de pendurar verdades nas paredes do mundo. Esse que vem a reboque do que, no fundo, são os tijolos da mentira. E quase catando o milho dos sentimentos de ouro, no galinheiro das palavras mais bonitas de cantar, Valentina se sentou comigo debaixo da mangueira. E me soletrou as palavras-diamante, as palavras-pedra, as palavras-seda e as palavras-dor. E como sempre, sozinha, a palavra-saudade.
Um dia Valentina me mostrou também que um lenço, ou um papel em branco, agitado na estação do trem, não era gesto de adeus, mas desafio.
Algo ruiu por dentro de mim naquela despedida. Vim sozinho com os “eus” do outro que nela habitava. E fui, aos poucos, virando bicho urbano, um ser sem passarinho, sem formigas poliglotas, sem pescaria, sem gibi, sem matinê, sem vírgulas, sem namorada platônica e sem pecado. A saudade de Valentina, certa madrugada, adoeceu-me. E descobri que já não mais respirava pelo nariz, mas pelas reticências... Voltei para buscá-la. E com ela aprendi de novo onde colocar uma esquina, aquele olhar perdido do retrato, esse par de cotovelos esperando a chuva, as prováveis civilizações da Atlântida, as lendas que navegam numa mesa de bar, esses dois olhos negros mergulhados no vazio das luas suicidas, o menino que se arrasta pelo chão e quer que sua fome morda o rabo do cachorro, porque esse cheiro de outono úmido, quando e como essa mãe que chora, onde e por quem aquele cego procura, e essas quaresmeiras explodindo em tons de lilás os véus de noiva, no abril das tardes roxas de gás, em Belo Horizonte. E por que diabos eu ainda me levanto com essa frase, gravada nos lábios de Valentina: “Hoje é o dia mais feliz da minha vida!”
Daria tudo para resistir. Mas sou um homem fraco, reconheço. E ingrato. Sei que a indulgência é a maneira mais polida do desprezo. No entanto, Valentina já estava me deixando ultrapassado, analfabeto. Velha, ranzinza, caduca, o tempo nela ia timbrando suas marcas, e não tinha conserto. Alquebrada, já sofria de artrite nas juntas ressequidas, estalava como graveto seus longos e finos dedos, e a coluna: empenada. Pior: não entabulava mais coisa com coisa. Por isso nos separamos. Faz apenas uma semana, risquei Valentina de minha vida. Definitivamente.
Levado pelas mãos de amigos, conheci “a outra”. Fascinado, me enamorei à primeira vista por seu lay-out de mulher fatal, repleta de mistérios e outras coisas com as quais eu nunca havia imaginado: as curvas perfeitas, a voz dissimulada, insinuante, e o insaciável olhar de “quero mais”. Uma verdadeira “máquina”, de performance demoníaca.
É claro que daria tudo para sofrer de novo os mesmos percalços, os mesmos pesadelos e até os mesmos segredos inconfessáveis que mantive com Valentina. Mas sou um crápula: o tempo mudou, e “a outra” me seduziu com sua juventude. Nem sei ainda como ela se chama, ou se vai ficar para sempre. Só sei que tem mil maneiras de fazer um quarentão (que escreve por não saber modo melhor de amar ou de sofrer), se apaixonar.
Estou, irremediavelmente, perdido.
De noite, em suas entranhas de redes e labirintos – que se abrem como janelas que criam atalhos para outras janelas – configura à minha frente o estranho menu do novo mundo. Navego marinheiro de primeira viagem, sem memória do antes e do depois. E, com um pouquinho de culpa, vou tentando reorganizar os ícones existenciais que ficaram tatuados por dentro, na alma da velha companheira. Que ninguém os delete. Como deletaram os cinemas da minha aldeia, que viraram igrejas evangélicas. Mesmo porque, sempre haverá gabirobas e tanajuras por lá.
Adeus, Valentina!
Wednesday, May 09, 2007
Sunday, May 06, 2007
NZ Fish and Chips
Esse é o Blog do meu Pai! "Porque a vida vale a pena!!!"
A proposta é falar do Brasil, do nosso povo, e de quebra, mostrar a cultura "Neo-zelandeza".
A proposta é falar do Brasil, do nosso povo, e de quebra, mostrar a cultura "Neo-zelandeza".
Monday, April 30, 2007
A dívida social e seus credores... uma resposta!
por Erich Vale
Demógrafos renomados como Paul Ehrlich são freqüentemente criticados quando afirmam que há "excesso de gente no mundo". A idéia (neo)malthusiana parece acertada, pelo menos no caso brasileiro. Mais do que "gente demais", perece que ainda tropeçamos na dissimulação política por aqui. Por exemplo, na reunião da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, realizada em 25/04 no senado, foi apresentado o projeto do Sen. Demóstenes Torres, que propõe a ampliação do número de horas oferecidas pelas escolas públicas, projeto chamado de “Escola em Tempo Integral”. A maioria é favorável a aprovação da medida, ainda bem! O impasse está sendo discutido apenas no que se refere à disponibilidade de recursos para implementar a medida. Sim, esta sem dúvida é uma boa discussão. Porém, via de regra, a justificativa gravita em torno do seguinte argumento: “Trata-se de um problema de prevenção e combate a criminalidade”. Talvez os senhores senadores entendam que haverá uma melhoria nas estatísticas de segurança pública, pelo fato de retirar das ruas os menores suscetíveis a iniciar uma vida de crimes. Talvez sim, mas esta medida ainda que percebida como um mecanismo de “afastamento” dos jovens das ruas, provavelmente vai de encontro a um problema "recente" na história do Brasil. Algumas pessoas apontam que a qualidade do ensino no Brasil já foi muito melhor. Deve ser verdade!(?) O fato é que quanto mais se universaliza um serviço, no curto prazo, mais se perde em qualidade, talvez porque a estrutura apresente rendimentos decrescentes. De todo modo, tomemos a primeira justificativa acertada. Segundo a Senadora Ideli Salvatti, “quanto mais se gasta com educação menos se gasta com segurança pública”. É no mínimo estranho a motivação política de cuidar do custeio da escola calcado basicamente na criminalidade. Precisamos sim, de mais investimentos e incentivos para a educação. Sobretudo, precisamos também repensar o ensino público no Brasil. Nesse caso, trata-se do ensino fundamental, e algumas alegações com prazo - por exemplo - “livrar o país de suas conhecidas mazelas até 2022” vão de encontro com a minha percepção de que não haverá mudança significativa no sentido de reduzir a “favelização” dos grandes centros, reprodução da pobreza com maior privação da população de renda mais baixa e dos indicadores de bem-estar. Isto se deve porque, as exigências de especialização para o mercado de trabalho são vorazes, e parece ter um mecanismo autônomo de aceleração. Será que estou me aproximando dos (neo) malthusianos, ou, acredito que o “exército industrial de reserva” é efetivo?! Assim, apenas uma minoria (a mesma?) da população continuaria capaz de arregimentar tais competências. É o caso onde melhora-se a base e se esquece que o topo avança em velocidade maior e com melhor direcionamento. Repensar o ensino é fundamental para melhorar a condição da população menos favorecida. É preciso promover mecanismos de recompensa e promoção social visível, no sentido de funcionar como estímulo a adesão do ingresso no sistema. Se a escola pública é acessível a todos, porém é percebida como um organismo que oferece um produto “de baixa qualidade”, logo é insuficiente para garantir alguma ascensão social. Não me admira que muitos continuam a aderir ao crime, simplesmente por que comparam os benefícios e os riscos de estudar sem vislumbrar uma saída. Por fim, falar de concepção materna/paterna responsável é compreender parcialmente as reais escolhas que tem os que estão na base da pirâmide. Diria que todos respondem mais prontamente a estímulos, principalmente os mais carentes.
Demógrafos renomados como Paul Ehrlich são freqüentemente criticados quando afirmam que há "excesso de gente no mundo". A idéia (neo)malthusiana parece acertada, pelo menos no caso brasileiro. Mais do que "gente demais", perece que ainda tropeçamos na dissimulação política por aqui. Por exemplo, na reunião da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, realizada em 25/04 no senado, foi apresentado o projeto do Sen. Demóstenes Torres, que propõe a ampliação do número de horas oferecidas pelas escolas públicas, projeto chamado de “Escola em Tempo Integral”. A maioria é favorável a aprovação da medida, ainda bem! O impasse está sendo discutido apenas no que se refere à disponibilidade de recursos para implementar a medida. Sim, esta sem dúvida é uma boa discussão. Porém, via de regra, a justificativa gravita em torno do seguinte argumento: “Trata-se de um problema de prevenção e combate a criminalidade”. Talvez os senhores senadores entendam que haverá uma melhoria nas estatísticas de segurança pública, pelo fato de retirar das ruas os menores suscetíveis a iniciar uma vida de crimes. Talvez sim, mas esta medida ainda que percebida como um mecanismo de “afastamento” dos jovens das ruas, provavelmente vai de encontro a um problema "recente" na história do Brasil. Algumas pessoas apontam que a qualidade do ensino no Brasil já foi muito melhor. Deve ser verdade!(?) O fato é que quanto mais se universaliza um serviço, no curto prazo, mais se perde em qualidade, talvez porque a estrutura apresente rendimentos decrescentes. De todo modo, tomemos a primeira justificativa acertada. Segundo a Senadora Ideli Salvatti, “quanto mais se gasta com educação menos se gasta com segurança pública”. É no mínimo estranho a motivação política de cuidar do custeio da escola calcado basicamente na criminalidade. Precisamos sim, de mais investimentos e incentivos para a educação. Sobretudo, precisamos também repensar o ensino público no Brasil. Nesse caso, trata-se do ensino fundamental, e algumas alegações com prazo - por exemplo - “livrar o país de suas conhecidas mazelas até 2022” vão de encontro com a minha percepção de que não haverá mudança significativa no sentido de reduzir a “favelização” dos grandes centros, reprodução da pobreza com maior privação da população de renda mais baixa e dos indicadores de bem-estar. Isto se deve porque, as exigências de especialização para o mercado de trabalho são vorazes, e parece ter um mecanismo autônomo de aceleração. Será que estou me aproximando dos (neo) malthusianos, ou, acredito que o “exército industrial de reserva” é efetivo?! Assim, apenas uma minoria (a mesma?) da população continuaria capaz de arregimentar tais competências. É o caso onde melhora-se a base e se esquece que o topo avança em velocidade maior e com melhor direcionamento. Repensar o ensino é fundamental para melhorar a condição da população menos favorecida. É preciso promover mecanismos de recompensa e promoção social visível, no sentido de funcionar como estímulo a adesão do ingresso no sistema. Se a escola pública é acessível a todos, porém é percebida como um organismo que oferece um produto “de baixa qualidade”, logo é insuficiente para garantir alguma ascensão social. Não me admira que muitos continuam a aderir ao crime, simplesmente por que comparam os benefícios e os riscos de estudar sem vislumbrar uma saída. Por fim, falar de concepção materna/paterna responsável é compreender parcialmente as reais escolhas que tem os que estão na base da pirâmide. Diria que todos respondem mais prontamente a estímulos, principalmente os mais carentes.
A dívida social e seus credores
Segunda-feira, 30 de Abril de 2007
por Mario Cesar Flores
O Estado de SP, 23 de abril de 2007
Estudo recente da ONU atribui altos índices de desenvolvimento humano a países de população pequena: Noruega, Irlanda, Dinamarca, Suécia e uns poucos mais - entre eles Canadá e Austrália, ambos com população modesta à vista de seus territórios e recursos. Seus padrões demográficos ajudaram a construir aqueles índices e ajudarão a mantê-los no mundo pós-industrial, do conhecimento, incapaz de gerar abundância de empregos. Em países populosos bem sucedidos - EEUU, onde a imigração pesa no aumento populacional, Japão e alguns europeus - a natalidade caiu e há até casos de decréscimo, de que resultarão problemas previdenciários no maior prazo. Como se situa o Brasil no quadro?
Até 30 anos atrás o forte aumento da nossa população era apoiado em duas idéias: a da ocupação territorial inerente à doutrina de segurança nacional da época e a da associação do progresso de país extenso à população grande, vista como mercado interno naturalmente grande. Ambas equivocadas: população grande só ajuda a segurança se atendidos os quesitos de preparo e satisfação social solidária; e o mercado interno só é realmente grande se o perfil de renda assegurar poder aquisitivo à maciça maioria do povo. No Brasil a base da pirâmide, além de mercado precário, é problema social vulnerável à propaganda consumista indutora de necessidades desnecessárias e desvios comportamentais, do endividamento irresponsável ao delito, como fonte de renda para atendê-las.
O aumento da população sem desenvolvimento com qualidade, diferente do mero crescimento econômico útil ao capital e seu trabalho incluído, é socialmente discriminatório, haja vista que decênios de bom crescimento econômico não foram tão felizes no social, culturalmente mediocrizante e ambientalmente predador. Prejudica a união social-nacional (a eleição de 2006 sugeriu isso) em razão das diferenças sociais e regionais, produz migração interna desordenada e favelização aviltante, induz o assistencialismo - anestesia que insensibiliza sem curar as razões de sua necessidade, insustentável por muito tempo -, subverte a religiosidade com fantasias míticas e contribui para a banalização do desrespeito à lei, em clima de hipócrita tolerância societária. Finalmente: fragiliza a democracia porque a massa ressentida tende a ser receptiva ao salvacionismo populista.
Não se trata aqui de preocupação (neo) malthusiana: progresso e produção houve, há e haverá, potencial para população até maior o Brasil tem. Mas reportando ao passado para entender o presente: difícil teria sido o desenvolvimento sadio, combinando liberdade política, crescimento econômico, redução do descalabro social e cuidado ambiental, com a população crescendo além da capacidade de investimento público e privado, de 30 a 180 milhões de 1930 a 2000: educação, saúde, habitação e saneamento, energia, transporte, investimento gerador de empregos, para quatro Argentinas em 70 anos… Políticas corretas e oportunas poderiam ter reduzido as dimensões do problema atual, mas é improvável que o tivessem resolvido de todo.
A natalidade vem caindo há pelo menos 20 anos e já se aproxima de índice razoável, com forte contribuição dos estratos médio e superior da pirâmide social; embora menos, também da base, onde é alta a maternidade precoce. Mas os efeitos do passado fértil prolongar-se-ão por algum tempo, agravados pela exigência de produtividade na economia moderna, que condena o trabalho mal qualificado ao subemprego e à informalidade, comumente exercida na ilegalidade. Mais ainda no processo necessário à redução do hiato que nos separa do primeiro mundo, de ascensão da economia de baixa tecnologia à de maior valor agregado, que precisa de menos gente mais bem preparada - problema só parcialmente superável no número, mantido o requisito preparo, pelo desenvolvimento multiplicador da oferta de emprego.
O atrazo fordista no relógio socioeconômico e seus artifícios por vezes aventados, menos tecnologia e menor jornada de trabalho, com mais gente trabalhando, prejudicam a competitividade e a aproximação do mundo mais desenvolvido, salvo se adotada a contenção dos salários e da proteção social, com risco de turbulência e necessidade de controle autoritário. Poderia a China ser o que está sendo, com eleições, imprensa e reivindicações sociais livres, direito de greve e cultura consumista intensa? A combinação de seu progresso econômico com a redução do aumento populacional e a melhora do nível educacional vai gerar pressão social que, mais dia, menos dia, chegará à revisão do seu modelo autoritário e à maior presença daquelas virtudes democráticas, segurando a economia em ritmo menos intenso do que o atual.
O resgate da nossa dívida social exige ação do Estado na saúde, habitação, saneamento e educação, essa decisiva para o emprego digno no mundo moderno. Mas a ação estatal precisa ser ajudada pela atenção à natalidade e há espaço democrático para campanhas de esclarecimento na escola, mídia e organizações comunitárias, complementadas pela oferta de facilidades anticoncepcionais. Embora o passado deva prosseguir influenciando negativamente por algum tempo, o senso de paternidade / maternidade responsável é indispensável para evitar que o resgate seja prejudicado pela lógica circular perversa, em que o aumento do número de credores cerceia a melhora da situação e pereniza a dívida.
Em suma: a paternidade / maternidade responsável é condição para que no maior prazo o tão falado crescimento possa ocorrer com significativa elevação da qualidade de vida da base da pirâmide e a conseqüente redução do desrespeito epidêmico à lei, das agressões socioambientais e do descompasso entre inclusão política e social – essa, uma redução necessária à cidadania política protegida das injunções da miséria e ignorância, deformadoras do processo democrático.
por Mario Cesar Flores
O Estado de SP, 23 de abril de 2007
Estudo recente da ONU atribui altos índices de desenvolvimento humano a países de população pequena: Noruega, Irlanda, Dinamarca, Suécia e uns poucos mais - entre eles Canadá e Austrália, ambos com população modesta à vista de seus territórios e recursos. Seus padrões demográficos ajudaram a construir aqueles índices e ajudarão a mantê-los no mundo pós-industrial, do conhecimento, incapaz de gerar abundância de empregos. Em países populosos bem sucedidos - EEUU, onde a imigração pesa no aumento populacional, Japão e alguns europeus - a natalidade caiu e há até casos de decréscimo, de que resultarão problemas previdenciários no maior prazo. Como se situa o Brasil no quadro?
Até 30 anos atrás o forte aumento da nossa população era apoiado em duas idéias: a da ocupação territorial inerente à doutrina de segurança nacional da época e a da associação do progresso de país extenso à população grande, vista como mercado interno naturalmente grande. Ambas equivocadas: população grande só ajuda a segurança se atendidos os quesitos de preparo e satisfação social solidária; e o mercado interno só é realmente grande se o perfil de renda assegurar poder aquisitivo à maciça maioria do povo. No Brasil a base da pirâmide, além de mercado precário, é problema social vulnerável à propaganda consumista indutora de necessidades desnecessárias e desvios comportamentais, do endividamento irresponsável ao delito, como fonte de renda para atendê-las.
O aumento da população sem desenvolvimento com qualidade, diferente do mero crescimento econômico útil ao capital e seu trabalho incluído, é socialmente discriminatório, haja vista que decênios de bom crescimento econômico não foram tão felizes no social, culturalmente mediocrizante e ambientalmente predador. Prejudica a união social-nacional (a eleição de 2006 sugeriu isso) em razão das diferenças sociais e regionais, produz migração interna desordenada e favelização aviltante, induz o assistencialismo - anestesia que insensibiliza sem curar as razões de sua necessidade, insustentável por muito tempo -, subverte a religiosidade com fantasias míticas e contribui para a banalização do desrespeito à lei, em clima de hipócrita tolerância societária. Finalmente: fragiliza a democracia porque a massa ressentida tende a ser receptiva ao salvacionismo populista.
Não se trata aqui de preocupação (neo) malthusiana: progresso e produção houve, há e haverá, potencial para população até maior o Brasil tem. Mas reportando ao passado para entender o presente: difícil teria sido o desenvolvimento sadio, combinando liberdade política, crescimento econômico, redução do descalabro social e cuidado ambiental, com a população crescendo além da capacidade de investimento público e privado, de 30 a 180 milhões de 1930 a 2000: educação, saúde, habitação e saneamento, energia, transporte, investimento gerador de empregos, para quatro Argentinas em 70 anos… Políticas corretas e oportunas poderiam ter reduzido as dimensões do problema atual, mas é improvável que o tivessem resolvido de todo.
A natalidade vem caindo há pelo menos 20 anos e já se aproxima de índice razoável, com forte contribuição dos estratos médio e superior da pirâmide social; embora menos, também da base, onde é alta a maternidade precoce. Mas os efeitos do passado fértil prolongar-se-ão por algum tempo, agravados pela exigência de produtividade na economia moderna, que condena o trabalho mal qualificado ao subemprego e à informalidade, comumente exercida na ilegalidade. Mais ainda no processo necessário à redução do hiato que nos separa do primeiro mundo, de ascensão da economia de baixa tecnologia à de maior valor agregado, que precisa de menos gente mais bem preparada - problema só parcialmente superável no número, mantido o requisito preparo, pelo desenvolvimento multiplicador da oferta de emprego.
O atrazo fordista no relógio socioeconômico e seus artifícios por vezes aventados, menos tecnologia e menor jornada de trabalho, com mais gente trabalhando, prejudicam a competitividade e a aproximação do mundo mais desenvolvido, salvo se adotada a contenção dos salários e da proteção social, com risco de turbulência e necessidade de controle autoritário. Poderia a China ser o que está sendo, com eleições, imprensa e reivindicações sociais livres, direito de greve e cultura consumista intensa? A combinação de seu progresso econômico com a redução do aumento populacional e a melhora do nível educacional vai gerar pressão social que, mais dia, menos dia, chegará à revisão do seu modelo autoritário e à maior presença daquelas virtudes democráticas, segurando a economia em ritmo menos intenso do que o atual.
O resgate da nossa dívida social exige ação do Estado na saúde, habitação, saneamento e educação, essa decisiva para o emprego digno no mundo moderno. Mas a ação estatal precisa ser ajudada pela atenção à natalidade e há espaço democrático para campanhas de esclarecimento na escola, mídia e organizações comunitárias, complementadas pela oferta de facilidades anticoncepcionais. Embora o passado deva prosseguir influenciando negativamente por algum tempo, o senso de paternidade / maternidade responsável é indispensável para evitar que o resgate seja prejudicado pela lógica circular perversa, em que o aumento do número de credores cerceia a melhora da situação e pereniza a dívida.
Em suma: a paternidade / maternidade responsável é condição para que no maior prazo o tão falado crescimento possa ocorrer com significativa elevação da qualidade de vida da base da pirâmide e a conseqüente redução do desrespeito epidêmico à lei, das agressões socioambientais e do descompasso entre inclusão política e social – essa, uma redução necessária à cidadania política protegida das injunções da miséria e ignorância, deformadoras do processo democrático.
Friday, March 30, 2007
Nova metodologia do IBGE impacta pouco o risco-País
Após a revisão dos métodos de cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) feita recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) — o desempenho de 2006 será divulgado hoje e deve subir para 3,7% —, a discussão sobre a chegada do investment grade ainda é polêmica entre os economistas. Se por um lado a relação dívida/PIB caiu (para algo em torno de 46%), por outro, a taxa de investimento no País também cedeu de 19,9% para 16,3%.
Estes componentes eram tidos como fundamentais para uma melhor classificação de risco do Brasil. Porém, os mais céticos em relação ao grau de investimento lembram das reformas estruturais (tributária e previdenciária, por exemplo) que ainda não foram realizadas pelo Governo Federal. Na outra ponta, os otimistas destacam que o Brasil demonstrou que pode crescer, apesar da ainda baixa taxa de investimentos diretos no País.
Na opinião de Alex Agostini, economista-chefe da agência de classificação de risco Austin Rating, de forma alguma o novo cálculo deve acelerar a obtenção do grau de investimento. “Isso não muda a consistência do crescimento. Mudaria se fosse acompanhado de um movimento de investimento muito forte”, explica. Para ele, os entraves ainda são os gastos altos da máquina pública e a baixa taxa de investimentos.
“O governo gasta demais e a dívida ainda está muito acima da dos países que tem o grau de investimento” , destaca Agostini.
Na contramão do economista está o secretário do Tesouro, Tarcísio Godoy, que acredita na conquista do selo antes do esperado justamente pelos dados atualizados com a nova metodologia de cálculo do PIB. “O crescimento econômico era uma das últimas preocupações que as agências de classificação de crédito tinham em relação ao Brasil”, disse Godoy em entrevista concedida em Londres.
Godoy prevê que a economia brasileira crescerá 4,5 por cento este ano 5 por cento ao ano durante os próximos anos.
Notícia bem-vinda
O analista financeiro do Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração (Inepad), Marcel Artoni De Marco, ressalta que não é porque mudou o cálculo que o Brasil está melhor.
“No entanto, a notícia é bem-vinda, pois a nova metodologia tenta espelhar de um modo mais próximo a realidade da economia brasileira”. De acordo com o analista, a grande melhora é na qualidade dos dados. “Como a dívida/PIB era um dos entraves, creio que o País tenha ficado mais próximo do grau de investimento” , pondera.
De Marco considera que os novos dados dão a entender que o País tem uma capacidade maior de crescimento devido a relação de investimento/ crescimento. A explicação é que o PIB cresceu mais, enquanto os investimentos recuaram. “A lógica leva a crer nisto, mas o IBGE pode alterar a forma de calcular o investimento, o que poderia equilibrar os dados”, declara.
As alterações adotadas para o período que vai de 2000 a 2005, divulgadas no último dia 21 de março, fizeram com que o percentual de crescimento fosse corrigido para 3 por cento, contra os 2,6 por cento originais. As correções para 2006, ano em que a economia cresceu 2,9 por cento, serão divulgadas hoje.
Novas emissões
Segundo Godoy, o Departamento do Tesouro brasileiro pretende realizar mais duas vendas de bônus denominados em real com vencimento em 2028 neste ano, o mais longo prazo de vencimento de dívida de renda fixa em moeda local.
“Nosso foco será fomentar mais liquidez para esses bônus”, afirma. Em fevereiro, o Brasil vendeu R$ 1,5 bilhão (US$ 728 milhões) em bônus denominados em real com vencimento em 2028, além de mais R$ 750 milhões de reais do mesmo tipo de título no último dia 20 de março.
“A demanda por bônus denominados em real tem sido forte devido ao fato de os investidores terem a percepção de que os fundamentos econômicos da economia brasileira estão bons”, diz.
Agostini confirma a tendência ao falar da demanda. “Dos títulos soberanos em circulação, 40% são brasileiros. O segundo país nesta lista é o México com 22%”. Na visão do economista, o principal impacto do grau de investimento será sentido no setor financeiro.
Guilherme Manechini
Diário do Comércio & Indústria
Estes componentes eram tidos como fundamentais para uma melhor classificação de risco do Brasil. Porém, os mais céticos em relação ao grau de investimento lembram das reformas estruturais (tributária e previdenciária, por exemplo) que ainda não foram realizadas pelo Governo Federal. Na outra ponta, os otimistas destacam que o Brasil demonstrou que pode crescer, apesar da ainda baixa taxa de investimentos diretos no País.
Na opinião de Alex Agostini, economista-chefe da agência de classificação de risco Austin Rating, de forma alguma o novo cálculo deve acelerar a obtenção do grau de investimento. “Isso não muda a consistência do crescimento. Mudaria se fosse acompanhado de um movimento de investimento muito forte”, explica. Para ele, os entraves ainda são os gastos altos da máquina pública e a baixa taxa de investimentos.
“O governo gasta demais e a dívida ainda está muito acima da dos países que tem o grau de investimento” , destaca Agostini.
Na contramão do economista está o secretário do Tesouro, Tarcísio Godoy, que acredita na conquista do selo antes do esperado justamente pelos dados atualizados com a nova metodologia de cálculo do PIB. “O crescimento econômico era uma das últimas preocupações que as agências de classificação de crédito tinham em relação ao Brasil”, disse Godoy em entrevista concedida em Londres.
Godoy prevê que a economia brasileira crescerá 4,5 por cento este ano 5 por cento ao ano durante os próximos anos.
Notícia bem-vinda
O analista financeiro do Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração (Inepad), Marcel Artoni De Marco, ressalta que não é porque mudou o cálculo que o Brasil está melhor.
“No entanto, a notícia é bem-vinda, pois a nova metodologia tenta espelhar de um modo mais próximo a realidade da economia brasileira”. De acordo com o analista, a grande melhora é na qualidade dos dados. “Como a dívida/PIB era um dos entraves, creio que o País tenha ficado mais próximo do grau de investimento” , pondera.
De Marco considera que os novos dados dão a entender que o País tem uma capacidade maior de crescimento devido a relação de investimento/ crescimento. A explicação é que o PIB cresceu mais, enquanto os investimentos recuaram. “A lógica leva a crer nisto, mas o IBGE pode alterar a forma de calcular o investimento, o que poderia equilibrar os dados”, declara.
As alterações adotadas para o período que vai de 2000 a 2005, divulgadas no último dia 21 de março, fizeram com que o percentual de crescimento fosse corrigido para 3 por cento, contra os 2,6 por cento originais. As correções para 2006, ano em que a economia cresceu 2,9 por cento, serão divulgadas hoje.
Novas emissões
Segundo Godoy, o Departamento do Tesouro brasileiro pretende realizar mais duas vendas de bônus denominados em real com vencimento em 2028 neste ano, o mais longo prazo de vencimento de dívida de renda fixa em moeda local.
“Nosso foco será fomentar mais liquidez para esses bônus”, afirma. Em fevereiro, o Brasil vendeu R$ 1,5 bilhão (US$ 728 milhões) em bônus denominados em real com vencimento em 2028, além de mais R$ 750 milhões de reais do mesmo tipo de título no último dia 20 de março.
“A demanda por bônus denominados em real tem sido forte devido ao fato de os investidores terem a percepção de que os fundamentos econômicos da economia brasileira estão bons”, diz.
Agostini confirma a tendência ao falar da demanda. “Dos títulos soberanos em circulação, 40% são brasileiros. O segundo país nesta lista é o México com 22%”. Na visão do economista, o principal impacto do grau de investimento será sentido no setor financeiro.
Guilherme Manechini
Diário do Comércio & Indústria
Sunday, March 18, 2007
Malabarismo financeiro
Investir direito exige colocar na balança as taxas pagas ao banco e o retorno que ele promete. Evite aqueles que cobram caro demais
Você sabia que o seu investimento pode estar deixando seu bolso mais vazio a cada ano? Pois é. É praxe cobrar do investidor taxas de administração, de corretagem (para aportes em ações ou títulos públicos) e de desempenho (um prêmio ao gestor quando o rendimento supera uma meta). A questão é que algumas instituições cobram mais do que outras. Existem investimentos que estão rendendo menos do que a caderneta de poupança, que tem a vantagem de ser líquida (por não cobrar Imposto de Renda nem taxa de administração) e devolver a CPMF para novos aportes.
O que dificulta a sua análise é que as taxas variam muito em cada instituição e de acordo com o tipo do produto. Segundo Willian Eid Jr., professor da Fundação Getulio Vargas de São Paulo (FGV-SP), consultor e autor do livro Como Fazer Investimentos (Publifolha) , em uma aplicação muito cara o rendimento líquido pode ser reduzido a apenas 2% ao ano. "Uma rentabilidade de 11% cai para 8,5% se o banco cobrar taxa de administração de 3%", explica Willian. O consultor Luiz Roberto Latini, sócio da G-5 Solutions, de São Paulo, também tem na ponta do lápis a conta do que o investidor pode estar deixando de ganhar. Nos fundos de renda fixa, as taxas oscilam, em sua maior parte, entre 0% e 5%, conforme o volume e o tempo de investimento. "Se o ganho for de 10% ao ano e a taxa 3%, 30% da rentabilidade vai para a instituição gestora", diz o especialista.
Foi pensando no tamanho da mordida da prestação de serviços que o administrador de empresas Carlos Tadeu Pedreira, de 56 anos, dono de uma franquia de academia de ginástica de São Paulo, tomou a decisão de mudar de corretora em 2003. Na época, o clube de investimento do qual participava tinha um custo de 2 800 reais por ano -- 5% sobre o patrimônio de todo o clube. Hoje em uma nova corretora, a Gradual, Carlos Tadeu viu a taxa cair para 2% e o custo anual para 1 200 reais.
Procurados pela VOCÊ S/A, os bancos HSBC, ABN Amro Real, Unibanco, Santander Banespa e as corretoras Socopa, Coinvalores e Link evitaram comentar sobre as taxas cobradas e alegaram férias dos seus principais executivos. Já a Associação Nacional dos Bancos de Investimentos (Anbid) justifica que por se tratar de uma associação não pode discutir os preços praticados por bancos e corretoras. Entretanto, a instituição reconhece que existem taxas muito altas e alega que alguns bancos já estão reduzindo suas cobranças. A Anbid, cansada de ser pressionada, prepara uma lista com todas as taxas para divulgar ao mercado ainda neste primeiro trimestre.
Evite Armadilhas
Existem muitos investimentos, como CDB, fundos de renda fixa, DI, fundos de ações, clubes de investimentos, Tesouro Direto, imóveis. Para chegar ao produto certo, você precisa avaliar muito mais do queo histórico de rentabilidade. "A taxação elevada prejudica o investimento no longo prazo e deve ser levada em conta", afirma o administrador independente de investimentos Fábio Colombo, de São Paulo. Para Willian Eid Jr., da FGV-SP, o investidor deve ser ativo. "Em uma mesma instituição existem famílias de produtos com taxas diferentes", diz Fábio Colombo. "Hoje em dia os bancos não têm tanta rigidez e é possível conseguir boas taxas se você as demandar", orienta Luiz Latini, da G-5 Solutions.
Da próxima vez que tiver de optar por um investimento, questione e tente diminuir as taxas. Quando o assunto é o mercado de capitais, lembre-se de que ele é um só para os grandes e para os pequenos investidores. Normalmente, as corretoras cobram taxas menores que os bancos, principalmente se você vai operar por homebroker. Para investir no Tesouro Direto melhor mesmo são os bancos públicos, que são agentes do governo e praticam corretagens menores. Grandes bancos privados cobram taxas para aplicação no Tesouro Direto de oito a 16 vezes maior que os públicos. "Os bancos não têm interesse porque o investidor pode comprar esses produtos diretamente do governo", diz o consultor Fábio Colombo.
Fuja do Mico
Veja o que fazer para não perder dinheiro com o seu investimento:
1 - Procure taxas menores - Só tem um jeito de fazer isso: pesquisando bancos e corretoras
2 - Vá além do lucro - Quando escolher um banco, não fique preso à rentabilidade. Questione todas as taxas cobradas
3 - Nem tudo é igual - Numa mesma instituição pode haver famílias de produtos com taxas diferentes. Informe-se sobre elas
Kathia Natalie
http://vocesa. abril.com. br/edicoes/ 0104/aberto/ dinheiro/ mt_210241. shtml
Você sabia que o seu investimento pode estar deixando seu bolso mais vazio a cada ano? Pois é. É praxe cobrar do investidor taxas de administração, de corretagem (para aportes em ações ou títulos públicos) e de desempenho (um prêmio ao gestor quando o rendimento supera uma meta). A questão é que algumas instituições cobram mais do que outras. Existem investimentos que estão rendendo menos do que a caderneta de poupança, que tem a vantagem de ser líquida (por não cobrar Imposto de Renda nem taxa de administração) e devolver a CPMF para novos aportes.
O que dificulta a sua análise é que as taxas variam muito em cada instituição e de acordo com o tipo do produto. Segundo Willian Eid Jr., professor da Fundação Getulio Vargas de São Paulo (FGV-SP), consultor e autor do livro Como Fazer Investimentos (Publifolha) , em uma aplicação muito cara o rendimento líquido pode ser reduzido a apenas 2% ao ano. "Uma rentabilidade de 11% cai para 8,5% se o banco cobrar taxa de administração de 3%", explica Willian. O consultor Luiz Roberto Latini, sócio da G-5 Solutions, de São Paulo, também tem na ponta do lápis a conta do que o investidor pode estar deixando de ganhar. Nos fundos de renda fixa, as taxas oscilam, em sua maior parte, entre 0% e 5%, conforme o volume e o tempo de investimento. "Se o ganho for de 10% ao ano e a taxa 3%, 30% da rentabilidade vai para a instituição gestora", diz o especialista.
Foi pensando no tamanho da mordida da prestação de serviços que o administrador de empresas Carlos Tadeu Pedreira, de 56 anos, dono de uma franquia de academia de ginástica de São Paulo, tomou a decisão de mudar de corretora em 2003. Na época, o clube de investimento do qual participava tinha um custo de 2 800 reais por ano -- 5% sobre o patrimônio de todo o clube. Hoje em uma nova corretora, a Gradual, Carlos Tadeu viu a taxa cair para 2% e o custo anual para 1 200 reais.
Procurados pela VOCÊ S/A, os bancos HSBC, ABN Amro Real, Unibanco, Santander Banespa e as corretoras Socopa, Coinvalores e Link evitaram comentar sobre as taxas cobradas e alegaram férias dos seus principais executivos. Já a Associação Nacional dos Bancos de Investimentos (Anbid) justifica que por se tratar de uma associação não pode discutir os preços praticados por bancos e corretoras. Entretanto, a instituição reconhece que existem taxas muito altas e alega que alguns bancos já estão reduzindo suas cobranças. A Anbid, cansada de ser pressionada, prepara uma lista com todas as taxas para divulgar ao mercado ainda neste primeiro trimestre.
Evite Armadilhas
Existem muitos investimentos, como CDB, fundos de renda fixa, DI, fundos de ações, clubes de investimentos, Tesouro Direto, imóveis. Para chegar ao produto certo, você precisa avaliar muito mais do queo histórico de rentabilidade. "A taxação elevada prejudica o investimento no longo prazo e deve ser levada em conta", afirma o administrador independente de investimentos Fábio Colombo, de São Paulo. Para Willian Eid Jr., da FGV-SP, o investidor deve ser ativo. "Em uma mesma instituição existem famílias de produtos com taxas diferentes", diz Fábio Colombo. "Hoje em dia os bancos não têm tanta rigidez e é possível conseguir boas taxas se você as demandar", orienta Luiz Latini, da G-5 Solutions.
Da próxima vez que tiver de optar por um investimento, questione e tente diminuir as taxas. Quando o assunto é o mercado de capitais, lembre-se de que ele é um só para os grandes e para os pequenos investidores. Normalmente, as corretoras cobram taxas menores que os bancos, principalmente se você vai operar por homebroker. Para investir no Tesouro Direto melhor mesmo são os bancos públicos, que são agentes do governo e praticam corretagens menores. Grandes bancos privados cobram taxas para aplicação no Tesouro Direto de oito a 16 vezes maior que os públicos. "Os bancos não têm interesse porque o investidor pode comprar esses produtos diretamente do governo", diz o consultor Fábio Colombo.
Fuja do Mico
Veja o que fazer para não perder dinheiro com o seu investimento:
1 - Procure taxas menores - Só tem um jeito de fazer isso: pesquisando bancos e corretoras
2 - Vá além do lucro - Quando escolher um banco, não fique preso à rentabilidade. Questione todas as taxas cobradas
3 - Nem tudo é igual - Numa mesma instituição pode haver famílias de produtos com taxas diferentes. Informe-se sobre elas
Kathia Natalie
http://vocesa. abril.com. br/edicoes/ 0104/aberto/ dinheiro/ mt_210241. shtml
Até que ponto confiar nos bancos?
Apesar dos juros em queda, ainda é forte o coro daqueles que entendem que o Brasil somente justificará sua presença entre as grandes promessas dos países emergentes (o BRIC) quando reduzir seus juros a um patamar que estimule o forte crescimento. Por outro lado, há também o coro daqueles que afirmam que o problema do Brasil não está nos juros, mas sim no que fazem com esses juros. Realmente, juros mais baixos estimulariam o investimento em produção. Mas , será que, com maior produção, o brasileiro conseguirá consumir?
Talvez se engane quem pensa que os juros elevados estejam entre os maiores problemas do Brasil. Nossos juros são os maiores do mundo, mas o verdadeiro problema é que o brasileiro aceita pagá-los, gastando com eles, em média, 30% de sua renda mensal. Não trato aqui do brasileiro que investe e empreende, mas sim do consumidor brasileiro que gasta e se endivida. Sim, é provável que você pague muito mais juros do que pensa. Eles estão embutidos nas prestações de sua casa, do carro, dos carnês de lojas e, menos escondidos, no extrato da conta que você deixou no vermelho recentemente.
Poderíamos consumir bem mais se deixássemos de pagar juros. Para isso, bastaria pacientemente poupar para depois gastar. Gastaríamos mais e teríamos um padrão de vida melhor. Já pensou se, ao consultar seu gerente do banco sobre um consórcio de imóveis ou um financiamento, ele lhe orientasse a aplicar recursos por alguns meses até ter condições de pagar um imóvel em construção – ao invés de financiá-lo?
Não é esse tipo de orientação que recebemos de nosso gerente, no banco. Aliás, lembre-se que ele é gerente do banco, e não de sua conta. Já percebeu como ele lhe empurra produtos que lhe causam um desconforto ao analisá-los? A consultoria normalmente oferecida por ele, seja de investimentos ou de produtos de crédito, apenas lhe traz uma alternativa, dentre as diversas que são lucrativas para a instituição, que se aproxima de sua necessidade. Não tem nada a ver com a melhor alternativa para seu bolso.
Nada de errado com a postura do banco, pois esse é o tipo de orientação esperada quando procuramos conselhos de quem vende algo. Você acha que seu corretor de imóveis lhe oferece sempre a melhor alternativa de moradia? Ou que o feirante lhe oferece sempre as melhores frutas da banca? Ou que a vendedora realmente acredita que aquela roupa está com um caimento impecável em você?
Bancos não são vilões do bolso de ninguém. O grande vilão é a falta de conhecimento. O sistema financeiro brasileiro oferece até mesmo a quem tem poucos recursos uma carta de produtos extremamente requintada e eficiente, desde que o cliente saiba pedir o que precisa. Quem não aprender a ler o cardápio, sairá do restaurante reclamando da cozinha, após comer apenas o couvert.
O primeiro passo para utilizar melhor os serviços de seu banco é entender que a agência bancária é uma loja de serviços. Sempre haverá algo muito bom para você, mas não necessariamente o melhor. Haverá produtos ruins também, para clientes menos exigentes. Por isso, o melhor caminho para explorar bem o que o banco tem a lhe oferecer é pesquisar antes, comparar alternativas, consultar os portais de outros bancos na Internet.
Brigue por menos juros e mais limites no cheque especial. Negocie a anuidade de seu cartão de crédito. Questione os custos dos financiamentos antes de aceitá-los. Exija investimentos com menores taxas de administração e carregamento. Questione os critérios de investimento de seus fundos. Pergunte sobre o funcionamento da corretora de valores de seu banco. Os bancos estão brigando ferozmente entre si para captar clientes. Seu gerente irá batalhar para mantê-lo em sua carteira, não tema em apresentar produtos da concorrência na hora de barganhar. Quem tem conta em banco tem uma empresa madura e extremamente eficiente a seu dispor, mas talvez não tenha se dado conta disso. Está na hora de cobrar resultados de quem trabalha para você.
Gustavo Cerbasi (http://www.maisdinh eiro. com.br) é professor dos MBAs da Fundação Instituto de Administração e autor dos livros Casais Inteligentes Enriquecem Juntos e Filhos Inteligentes Enriquecem Sozinhos (Ed. Gente).
Talvez se engane quem pensa que os juros elevados estejam entre os maiores problemas do Brasil. Nossos juros são os maiores do mundo, mas o verdadeiro problema é que o brasileiro aceita pagá-los, gastando com eles, em média, 30% de sua renda mensal. Não trato aqui do brasileiro que investe e empreende, mas sim do consumidor brasileiro que gasta e se endivida. Sim, é provável que você pague muito mais juros do que pensa. Eles estão embutidos nas prestações de sua casa, do carro, dos carnês de lojas e, menos escondidos, no extrato da conta que você deixou no vermelho recentemente.
Poderíamos consumir bem mais se deixássemos de pagar juros. Para isso, bastaria pacientemente poupar para depois gastar. Gastaríamos mais e teríamos um padrão de vida melhor. Já pensou se, ao consultar seu gerente do banco sobre um consórcio de imóveis ou um financiamento, ele lhe orientasse a aplicar recursos por alguns meses até ter condições de pagar um imóvel em construção – ao invés de financiá-lo?
Não é esse tipo de orientação que recebemos de nosso gerente, no banco. Aliás, lembre-se que ele é gerente do banco, e não de sua conta. Já percebeu como ele lhe empurra produtos que lhe causam um desconforto ao analisá-los? A consultoria normalmente oferecida por ele, seja de investimentos ou de produtos de crédito, apenas lhe traz uma alternativa, dentre as diversas que são lucrativas para a instituição, que se aproxima de sua necessidade. Não tem nada a ver com a melhor alternativa para seu bolso.
Nada de errado com a postura do banco, pois esse é o tipo de orientação esperada quando procuramos conselhos de quem vende algo. Você acha que seu corretor de imóveis lhe oferece sempre a melhor alternativa de moradia? Ou que o feirante lhe oferece sempre as melhores frutas da banca? Ou que a vendedora realmente acredita que aquela roupa está com um caimento impecável em você?
Bancos não são vilões do bolso de ninguém. O grande vilão é a falta de conhecimento. O sistema financeiro brasileiro oferece até mesmo a quem tem poucos recursos uma carta de produtos extremamente requintada e eficiente, desde que o cliente saiba pedir o que precisa. Quem não aprender a ler o cardápio, sairá do restaurante reclamando da cozinha, após comer apenas o couvert.
O primeiro passo para utilizar melhor os serviços de seu banco é entender que a agência bancária é uma loja de serviços. Sempre haverá algo muito bom para você, mas não necessariamente o melhor. Haverá produtos ruins também, para clientes menos exigentes. Por isso, o melhor caminho para explorar bem o que o banco tem a lhe oferecer é pesquisar antes, comparar alternativas, consultar os portais de outros bancos na Internet.
Brigue por menos juros e mais limites no cheque especial. Negocie a anuidade de seu cartão de crédito. Questione os custos dos financiamentos antes de aceitá-los. Exija investimentos com menores taxas de administração e carregamento. Questione os critérios de investimento de seus fundos. Pergunte sobre o funcionamento da corretora de valores de seu banco. Os bancos estão brigando ferozmente entre si para captar clientes. Seu gerente irá batalhar para mantê-lo em sua carteira, não tema em apresentar produtos da concorrência na hora de barganhar. Quem tem conta em banco tem uma empresa madura e extremamente eficiente a seu dispor, mas talvez não tenha se dado conta disso. Está na hora de cobrar resultados de quem trabalha para você.
Gustavo Cerbasi (http://www.maisdinh eiro. com.br) é professor dos MBAs da Fundação Instituto de Administração e autor dos livros Casais Inteligentes Enriquecem Juntos e Filhos Inteligentes Enriquecem Sozinhos (Ed. Gente).
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