Monday, May 22, 2006

A MICROECONOMIA (Coluna do polêmico Prof. Delfim)


No ano passado, o Brasil cresceu menos do que um terço da média da Rússia, Índia e China
O World Economic Forum (WEF), com sede em Genebra, publica anualmente um documento chamado The Global Competitiveness Report. O de 2005/2006 compara as informações relativas a 117 países, recolhidas por instituições de credibilidade bem estabelecida (no Brasil, por exemplo, a Fundação Dom Cabral e o Movimento Brasil Competitivo). A boa qualidade das informações pode ser aferida porque, em cada país, os dados são de conhecimento corrente e os índices podem ser reproduzidos, usando a metodologia do WEF. O relatório constrói dois indicadores globais: um de caráter macroeconômico, o Growth Competitiveness Index (GCI), apoiado em três pilares: a qualidade do ambiente macroeconômico, a situação das instituições públicas e o nível de tecnologia disponível. Outro, de caráter mais microeconômico, o Business Competitiveness Index (BCI), que classifica cada economia pelo nível de sua produtividade aferida pela agregação de nove indicadores. A escolha dos indicadores e sua agregação sempre envolvem um certo grau de subjetividade e arbitrariedade que não pode ser esquecido. Desde 2001, a metodologia do GCI vem se aperfeiçoando, tendo por base o modelo construído pelos economistas de Harvard, Jeffrey D. Sachs e John W. McArthur. O crescimento do PIB brasileiro tem sido pífio nos últimos anos e nos distanciamos dos países que constituíam a esperança do século XXI, os BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China), como revelam seus crescimentos de 2005 e a estimativa para 2006. Em 2005, crescemos menos do que 30% da média dos nossos companheiros de “esperança” (
tabela Crescimento do PIB). A classificação dos 117 países é feita do 1º (o melhor classificado) ao 117º (o pior classificado). Por exemplo, o Brasil é classificado como 65º no GCI (o indicador macroeconômico), o que significa que, nos 117 países, existem 64 que apresentam melhores condições macroeconômicas do que nós. A posição dos BRICs no GCI de 2005 é mostrada na tabela Índice de Competitividade do Crescimento (GCI), comparada com 2004. A má notícia é que, em 2005, temos 55% dos países em melhor posição que a nossa, quando em 2004 eles eram 48%. O GCI é uma agregação de três índices: 1. O ambiente macroeconômico. 2. A qualidade das instituições públicas. 3. O nível de tecnologia. Para nossa vergonha, o próprio relatório sugere a causa principal da queda de nossa posição: “No Brasil, a confiança da comunidade econômica pode ter sido adversamente afetada pelo enfraquecimento da coalizão governamental na onda de escândalos e outros eventos que colocaram as instituições públicas sob uma luz desfavorável” (à pág. XVI). Damos a classificação dos BRICs na tabela Índice de Competitividade dos Negócios (BCI), mais de caráter microeconômico em 2005, com os seus nove componentes. O BCI é construído basicamente num questionário respondido por quase 11 mil líderes empresários em todos os países. Nossa posição no BCI é ligeiramente melhor do que no GCI. Um fato importante é que o BCI explica 80% das variações do PIB per capita dos países incluídos no estudo. Como afirma o professor Michael Porter (autor do estudo Construindo os Fundamentos Microeconômicos da Prosperidade, páginas 43 a 77 do relatório): “O nível de explicação do BCI é remarcavelmente alto dada a presença de tantas imperfeições de medida”. A conclusão, portanto, é que “uma vez mais os dados mostram a importância crucial da competitividade microeconômica para a prosperidade econômica”.
Carta Capital - Ed. 24 de Maio de 2006 - Ano XII - Número 394


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