Friday, May 12, 2006

O BRASIL NÃO USA MARINES
O chanceler Celso Amorim rejeita retaliações e aposta no diálogo com a Bolívia.
Por Maurício Dias

Na segunda-feira 8, quando já era alvo dos adversários da política externa brasileira praticada pelo governo Lula, e às vésperas de se submeter a uma sabatina na Comissão de Relações Exteriores do Congresso, onde a maioria dos senadores, se pudesse, tiraria o seu escalpo, o chanceler Celso Amorim aparentava serenidade. Não era a calma de quem desdenhava dos problemas. Parecia mais a tranqüilidade de quem, nesta segunda passagem pela chancelaria (a primeira foi entre 1993 e 1994, no governo Itamar Franco), já não se aturdia com os grandes atropelos na carreira.
Desta vez, o tremor político, sentido mais fortemente no Itamaraty, teve o epicentro na Bolívia e foi provocado pela decisão do presidente Evo Morales de nacionalizar a exploração do petróleo e do gás produzidos no país. Os ativos da Petrobras na Bolívia foram levados de roldão. No Brasil, houve quem se lembrasse com saudade dos soberanos que mandavam gravar na ponta dos canhões a frase: “A última razão dos reis”. Outros, suspiraram com saudade do porrete e, quiçá, da impetuosidade do presidente Bush, dos Estados Unidos. Mas o Brasil, na tradição mais liberal que marca os melhores momentos da política externa do País, ficou com a proposta de negociação, e não de retaliação, como diz o chanceler Celso Amorim em entrevista a CartaCapital. “Não mandaremos marines para desalojar os administradores nomeados pelo governo boliviano. Isso é o que se queria? O Brasil não age dessa maneira. Não era assim no passado e não será agora”, reafirma Amorim.
17 de Maio de 2006 - Ano XII - Número 393
Leia abaixo a íntegra da entrevista.

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